terça-feira, 12 de maio de 2009

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Sommerfugl
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( Para Lyselotte A.
que chegou
se foi
mas ficou )
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Um
mínimo
deslize
Lyse
e minha viela
violou-se
em chispas:
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vagarosos búzios
a se arrastar
nos areais
de cambraia
e pele
texturas
do interior
das ostras
holotúrias túrgidas
*
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Oh radiosa
Freya
filha de Njord
mulher de Od
e minha:
converte-me
em
falcão
com esse teu amuleto
de penas
*
*
Abandonaste a rocha
sereia do porto
de København________________________________Copenhague
para roçar-me
com tuas tranças
de sol
teus olhos de casca de mar
tua tez de pérola
juvenil
*
uma terrível
impetuos
( a )
idade
Viking
*
e um silêncio
benigno
quase penumbra
( - indecifrável
carta náutica -
puro mistério )
*
: eis teu belicoso
instrumental
de tortura
sommerfugl____________________________________borboleta
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E ainda trouxeste
pra minha gruta
de rei eremita
o aconchego
de uma casinha
verde
numa borda qualquer
da Jutlândia
com esse cheiro
de pão
exalando do forno
- grahamsbrød -______________________- pão de grãos integrais -
e esse livro
repleto de grunhidos
sobre o criado-mudo:
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drøm behageligt________________________________bons sonhos
hemmelighedsfuld__________________________cheios de mistério
måne // stjerne_______________________________lua // estrela
måge // bjerg___________________________gaivota // montanha
duftende // markblomst________________cheirosa // flor silvestre
jomfruelig pige______________________________virginal menina
guldførende_______________________________que contém ouro
ildfuldhed_________________________________________ardor
elsker__________________________________________amante
kødets lyst________________________________volúpia da carne
havgudinde__________________________________deusa do mar
udstyrsstykke_________________________________espetacular
ildsprudende bjerg__________________________________vulcão
frugtbar jord____________________________________solo fértil
smøring______________________________________lubrificação
det er regnvejr_______________________________está chovendo
flod_______________________________________________rio
skrige____________________________________________grito
sædvæske________________________________________sêmen
stilhed__________________________________________silêncio
fylde__________________________________________plenitude
havskum__________________________________espuma do mar
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Vou te dizer duas coisas
radiante Lyse:
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1- Ele estava errado
nunca houve nada de podre
no Reino da Dinamarca
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2- Estou ficando
completamente
maluco
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6 comentários:

Audemir Leuzinger disse...

poema biscoito fino... muito bom.
hamlet talvez quisesse dizer... existe algo de podre em toda parte!!!

Guto Leite disse...

Me puxou por meu lado linguista, poeta! Gostei bastante do final também, altas doses sarcásticas. Grande abraço

Adriana Godoy disse...

Chico, você sempre se supera para nossa felicidade e deleite. Que beleza de poema, que significados alcançam, uma melodia bilíngue que nos faz sair da casca. Lindo. Beijo.

Adriana Riess Karnal disse...

Comecei a ler o poema, e vi que tinha algo conhecido...só poderia ser Chico, na sua lírica-racionalista.Belo como sempre, impressionou-me.

Sidnei Olivio disse...

Chico, a Adriana falou por mim.
ABRAÇO.

Benny Franklin disse...

Grandioso pranto em forma de poema!
De prima, Assis!