sábado, 24 de maio de 2014

Dois Poemas Um poema



1
Eu digo NÃO!
estar de acordo é acovardar
doença do caráter, falta de decoro:
é preciso ser obstinado em desobedecer

Aceitar tudo, calado
só para os que venderam a alma $
ou esqueceram o cérebro em casa –
levados aos montes pela correnteza
rio acima, rio abaixo
como cardume de peixes adestrados

Eu digo não e reconheço meus inimigos
ao vê-los gritarem SIM!, pelas praças!

2
Eu digo SIM!
Tudo que caminha, caminha para um fim
dos escombros da velha cidade
uma nova cidade
onde o povo ri duas vezes mais alto

As coisas estão aí para serem mudadas
the times they are a-changin

Regresso só para os amantes
que se frustraram
dando com a cara na murada
e os peregrinos exaustos da viagem

Eu digo sim!
e reconheço os meus inimigos

ao vê-los pintarem NÃO!, nas fachadas!

Um comentário:

Hercília Fernandes disse...

Belo diálogo entre textos, Rafael.
Entre o não e o sim, digo SIM à sua poesia.
Beijos,
H.F.