Eu
vou levando a vida
até
a última gota
até
o último gole
dessa
cachaça amarga.
Vou
a desagrado
aos
sonhos de outrem
aos
meus próprios
moldando-me
nesta amálgama.
Vou
transbordando incoerência
fadiga
e insônia
em
conflitos tão meus!
Não
canto nenhum canto
que
encante quem ouve,
embora
grite bem alto
para
que as estruturas metálicas
percam
a frialdade
e
não mais me envolvam
de
poeira e pó e fuligens.
Vou
entediado e sem remédio
para
elevar o ânimo;
para
descobrir caminhos,
para
transformar espinhos em sonhos.
Vou
pequeno quando grande
sou
maior que o mundo
e
menor que o coração palpitante
de
um recém-nascido;
vou
prosseguindo em minhas algemas,
desconstruindo
e destransformando.
Sou
singular e assim prossigo
numa
pluralidade descontente;
só
preciso de uma nota musical
para
definir minha canção.
E
alguém diz friamente:
__
Tenha dó!
*** Poema do livro Itinerário Fragmentado (Quártica Premium, 2009)
*** Poema do livro Itinerário Fragmentado (Quártica Premium, 2009)
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