sábado, 5 de maio de 2012

FUGA DO SILÊNCIO



"Prepara tua fuga com cuidado." 
[Virgílio]

I]
Foge 
uma coisa é indispensável  fugir pelo silêncio
é raspar a consubstancialidade do verbo:
aquele 
 que estertora a página em branco
   sem pedir paga.

II]
Foge 
 neste esfalfamento de lógica obscena 
  fugir 
   é alcançar a rapidez do nada.

III]
Foge.
Dá-te fuga
...Sê canhão em atilamento
... Amante do exato

Foge
...Sê inteiro contigo
...Metamorfose da tempestade.

IV]
Foge.
Buscai & buscai
 a dilatação
  da pluralidade 
    dos gemidos 
      que, indecorosos, transvestem-se de semideuses
        na vastidão dos antipoemas

V]
Foge.
Sê dilatado [poema habitado]
       para 
     que as sombras 
   proativas do mormaço
possam afinar-se com os bruscos 
                                        céus 
                                          selvagens.


By Benny Franklin

3 comentários:

Francisco Coimbra disse...

Um "brusco céu selvagem" muito bem rasgado, iluminado pela escrita dos versos! Abraço!!

olara, um castelo de sonhos disse...

Fico em dúvida se todo silêncio é fuga.
Acredito em silêncios introspectivos cujos gritos explodem o íntimo.
Estancar nossas sangrias é estar à frente nas batalhas.
Muitas vezes precisamos poupar as nuvens dos nossos próprios céus selvagens.
Versos profundos que conduzem a muita reflexão.
Beijos no coração!

L. Rafael Nolli disse...

Benny, sou leitor assíduo.