Neruda y Matilde |
Lia
os “Últimos Poemas” de Neruda.
O
quarto ao lado sussurrava revoluções.
Deixei
minha flâmula atrás da porta;
lavei
as mãos sujas de sangue
recolhendo-me
à rotina.
Hoje
a poeira e a fumaça industrial
tomam
conta de meus ideais;
não
conheço os homens;
me
desconstruo.
Minha
criatividade se perde
entre
as estruturas metálicas
que
se ergueram dia-a-dia.
Vou
comendo o pão envelhecido
acompanhado
de uma “Coca” em lata
que
comprei mecanicamente;
é
como o óleo que lubrifica
as
máquinas:
vou
seguindo robotizado
de
cabeça baixa.
Vou
matando em meu íntimo
os
resquícios da poesia existente,
as
leituras de poemas
vão
ficando cansativas.
Prossigo
insatisfeito
em padrões disformes,
metido
em uniformes indigestos.
Olho
para a porta da Fábrica
sonhando
descavernar-me,
desalienar-me.
Lá
fora homens murmuram frases
prontas
que
definem este meu olhar como
insano;
vou
me perdendo
me
prendendo à
certeza de me perder.
Volto
aos Poemas de Neruda
desavisado não
o creio comunista.
O
quarto ao lado se cala,
acostumou-se
ao sistema!
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