arte: rafael godoy
um dia senti que aquele era o lugar
um beco com casas velhas e malcheirosas
que abria o seu sorriso para o mundo
um beco cujo cheiro de café
misturava-se ao cheiro das moças
que acabavam de ser possuídas
o Beco da Lua
era o nome escrito com letras exóticas
em uma placa iluminada
diferente do próprio lugar
o beco do mundo
em que cabiam
Terezas e Raimundos
Martas e Aparecidas
Antônios e Josés
eram a alma do beco
a música a lua o quintal
a terra a lama a chuva
as paixões os temporais
às vezes quando a lua
insistia em iluminar
viam-se rostos cansados e aflitos
olhos opacos e vazios
fantasmas pálidos passivos
era o beco maldito
da miséria e do pecado
da luxúria e do abrigo
dos sonhos e dos perdidos
dos gatos e dos vadios
dos poetas e dos mendigos
dos bêbados e dos drogados
dos felizes e dos atirados
dos doutores e dos iletrados
dos caçadores e dos bandidos
das mulheres sem seus homens
dos sedentos de carinho
era o beco do mundo
que sorria timidamente
para o outro lado da cidade
em busca de outros delírios
em busca de novos fantasmas
(Um dia tive um bar, era o Beco da Lua,
numa tarde chuvosa destruíram o beco e construíram um edifício de luxo no lugar.Dizem que até hoje muitos fantasmas da cidade rondam por ali procurando um abrigo)
30 comentários:
Você podia ter mais respeito com seus colegas de blog e postar no seu dia.
Mais um poema atemporal, contemporâneo da alma (humana e dos zumbis)
Beijo, Adriana!
Sr(a). Anônimo,
Infelizmente, não pude postar no dia 10, meu computador deu defeito. Em respeito ao meu compromisso com o poema dia, postei hoje. Não achei que fosse causar algum tipo de transtorno. Faço parte deste blog desde o início, convidada pelo Barone, então achei por bem fazê-lo.
Caso estiver incomodando muito, pode excluír essa postagem. Fique à vontade.
Desculpe, não era minha intenção.
Bardo, valeu demais! beijo
Aliás, meu dia era 9, só hj meu pc foi configurado novamente.
o poema é um blues, Adri.
assim como um bar à luz da lua.
Papo furado! Você poderia ter ido à uma Lan House, casa de amigo...enfim..Ao menos, pedir licença para os titulares do dia.
Então tá, Anônimo, mostre o nome que a gente pode conversar. No anonimato, fica difícil. Por que não se expor?
Acho que é mais decente e honesto. Mas, de qualquer forma, pra mim tá encerrada a questão, a não ser que o próprio Barone se manifeste ou os responsáveis pelo blog.
Decente e honesto seria você ter pedido licença ao seus colegas. O anonimato é questão de opção, já que não passo por cima de ninguém.
Lindo, DRI!
Fiquei tão feliz quando li que os poetas, estava no beco maldito, junto aos sonhos, os perdidos.
Nossa!
Que poemaço!
Beijos
Mirze
Karnal, obrigada por seu comentário. Beijo
Mirze, e estavam mesmo...valeu mesmo! Beijo
Adri,
sempre estou fan de seus escritos, então me sinto na permissão:
postes atrasados eu fiz alguns, só q se acertando a postagem para o dia ideal ao certo, o comando de data e hora aceita retroação...
Achei um lixo esse lixumano'anonimo atingindo e desrespeitando vc por coisa tão boba...
Escreva no meu dia 11 quando quiser, e traduza a certeza:
somos humanos,
máquinas não gozam
da sobremesa.
A sorte te beija.
Adriana, meu dia também está a sua disposição! Sobre esse anônimo, que vez ou outra está por aqui dando uns pitacos, é gente pequena, sem poesia alguma. Pode ter certeza! É a crítica mais baixa e vil que um leitor de poesia pode fazer - ele conseguiu.
Abraços!
Nolli, vc é um doce, apesar de sempre armado com sua poesia bélica. Agradeço de coração. Valeu mesmo!
Beijão
Renato, que beleza! Agardeço!Beijo
Adriana - como sempre - seus poemas são de prima beleza.
Sinto muito que [você] queira deixar este espaço.
Para onde for, serei seu leitor.
Bj. Benny
Obrigada, Benny. Continuarei ligada ao Poema Dia, mesmo não fazendo mais parte do grupo. Beijo
Adriana, que poema lindo! Estou encantado, meus parabéns. Uma maravilha ler uma coisa dessas depois de longo e cansativo dia de trabalho, abração.
Nossa, que bom que gostou, Impenetrável!
Beijo
lindo!
Ainda bem que não deixou de postar por uma bobagem de datas...
O objetivo do blog é partilhar...
=]
bjos
Valeu, Isaac! bj
Olá Adriana.
Só hoje vi o conteúdo destes comentários. Saiba que você é pessoa especialíssima e importante para o Poema Dia e, mais ainda, para os indivíduos que o integram.
Sua poesia tem adornado o nosso blog com qualidade e profundidade.
Datas, horários, crachás, hierarquias não cabem aqui do modo como foram postas.
Sinta-se livre para ir e vir.
Beijos
Barone.
Aliás... belíssimo poema.
Oi, Barone, obrigada pela força e consideração. Mas, realmente, estou em um momento pouco produtivo...está difícil manter meu blog com novas produções e muito mais ainda participar de outros. Sei que posso voltar algum dia...por enquanto é hora de dar um tempo. Os comentários do anônimo ou anônima não me perturbam mais.
Agradeço de coração suas palavras e o tempo que passei nesse espaço tão especial e tão rico.
Espero que não acabe tão cedo o Poema Dia e que mais leitores venham prestigiar o espaço. Como já disse, vou continuar como leitora e sempre tendo muito carnho por você e pelos outros poetas. Beijo e sucesso.
Beijão
Adri,
du ca!
senão me falha a memória, eu já conhecia este poema.
sobre o anônimo, nunca se esqueça: covardes não se identificam.
bj,
Tarcísio Buenas.
Pois é, Buenas, esse negócio de anonimato só serve pra disque denúncia. Esse poema é um dos meus antigos e que sempre está na minha memória, porque o Beco da Lua também está.Brigada pela força. Beijo
O anonimato combina o prazer da vilania com a virtude da discrição.
O anônimo tem possibilidades infinitas de ação-se os famosos o permitirem.(Carlos Drummond De Andrade).On the Rocks, vaselina é pior que covarde.
Toma....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkreceba vazilina.
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