sábado, 16 de julho de 2011

De faísca a carvão


faísca
é fogo
se pega
s'espalha
na palha
no teto
parede
tapete
entorta
derrete
chamusca
carpete
madeira
vasilha
consome'a
mobília
do quarto
da sala
despensa
banheiro
ta tud' a-
-cabado
enfeite
espelh' é
fumaça
é fogo
no rabo
no gato
inteiro
só sóbr' es
queleto
nem porta-
retrato
resiste
inteiro
caderno
sulfite
nem sombra
d' escrit' ou
desenho
nem roupa
sapat'ou
comid' e
bebida
'tá tudo
tostado
queimado
roído
'tá preto
'tá cinza
'tá tudo
fodido
nem foto
lembrança
remédi'ou
brinquedo
só resta
entulho
ruína
e medo
escada
tombada
e teto
no chão
o qu'era
seguro
agor' é
carvão
Isaac Ruy

5 comentários:

Ana Ribeiro disse...

Nada não existe. Tudo é resto.
Um abraço,
Ana

Bela Ju disse...

fantástico!

Renata de Aragão Lopes disse...

a trajetória da ardência,
a gulodice da chama

adorei!

beijo,
Doce de Lira

BAR DO BARDO disse...

aja fogo
haja cinza

Tomaz disse...

Uma palavra por linha, bom formato !!