segunda-feira, 11 de abril de 2011

“os animais iam à flora...”


Comoção sem quê
nessa estrada
Varo o dia
Arregaço
Com ou sem
Tesão
Existe
um lamento
Lamento
rola em azul torpor
feito
estrelas brincam
brincam
na cacimba
dia molho mais
não paro de ralhar
gostoso
feitio responsável
na turba

Não parece
Atrapalho
Peguei esse carro
essa nave, esse barco
numa noite quê
meio dia era visto
nessa lua bem alta
em flocos
se desfazendo
uma nuvem
alargava a escuridão

E vc sempre seria
uma estrela
Vagas na escuridão
guiam seus passos

Todo o céu é marinho
tolo véu
que forma em escuro
a sua paisagem.

Só – Escuridade
Ouvi conselhos
mas, todos eram só
Atrapalho
tem mas não!

Gozei um bocado
Meus manos
Evadidos
Num gole um desejo
um desejo de encurtar
minha pele através de ti
[“uma faísca dos teus zóios
veio fazer beira no meu tesão”]
Prometendo
sincero só, já
fulgindo aqui de fora

Nunca me engano
da hora Senhora
eu vou partir num canto
minha sorte tem hora.

E antes da manhã
eles disseram
melhor partir
nessa  estrela
E é bom
é  como existe
Iludindo
essa estória de dor
a solidão já carrega
passa a cura
tristeza cai no poço
ao sol do meio dia
[“os animais iam à flora...”]

Um vento à venta
Não tenho
nenhuma vontade de partir...



 Antonio Cavalcanti imagem Usinaemporium 

4 comentários:

Quintal de Om disse...

molho meus pés
nesse azul
de um pouco mais escuro
sem ser noite de céu
nem fundo de mar
ou rio
mas, sorrio
sempre que esse margeado vão das horas
passa manso entre meus dedos,
me inundando de um sorriso qualquer
assim, nu e claro.

Que belo, Melo.
Meu carinho.
Samara Bassi.

Francisco Coimbra disse...

Um texto que dificulta a leitura. Qual o resultado? Obrigar o leitor a aproximar-se, para descobrir pormenores? Aproximo-me e afasto, procurando um sentido genérico. Fico com a ideia geral, gero-a?
A obra de arte, mais que dar um sentido, gera-o. Nesse sentido, o sentido, faz sempre sentido!
Quanto ao “sentido genérico”: SEM EMOÇÃO PRÉVIA AS PALAVRAS COMEÇAM A CHEGAR ÀS PALAVRAS COM TUDO E SEM NADA VERSAM O VICE-VERSA A VIR-SE, CHEGA UM LAMENTO E UM TORPOR FEITO DE ESTRELAS QUE BRINCAM TUDO MISTURANDO NA TURBA, TODO O MEIO DE TRANSPORTE LEVA À LUA EM FLOCOS ALARGANDO O ESPAÇO E OS VERSOS ENVOLVEM, FALAM COMIGO, GUIAM OS MEUS PASSOS, O CÉU É MARINHO E DECIDO ACHAR ESTAR A LER “UMA CORRENTE DE CONSCIÊNCIA” ONDE, SENTADO À SUA BEIRA, FICO À PESCA DO QUE “SE” PASSA. É A CONDIÇÃO CONDICIONAL DESCONDICIONADA, HAJA DEUS(ES)! A VOZ QUE ME CHEGA PARTE QUANDO DEIXA DITO/ISTO: «Não tenho/ nenhuma vontade de partir...»
Fica o gozo que gozo de achar ter sido gozado (o texto :) por quem gozou com o que fez!? Que falta dizer para dar este comentário por acabado: Parabéns!

Renato de Melo Medeiros disse...

Samara,
esse adendo ficará para sempre perto de mim, edito sempre um texto a partir dos achados manuscritos que encalham pelos papeis que me caem brancos pelo dia, e noite, afora.
Beijo-lhe
r.

Francisco,
sempre estamos retorcendo as palavras pra que elas pulem do chão, br.ilhantes e t.únicas, feito estrelas. Pelo sabido...

Abraço abarco!
r.

Gi Zamai disse...

Belas as palavras e também seu significado, quem tem coração de poeta, entenderá! Espero sua visita ao meu cantinho, abraços
gizamai.blogspot.com