há uma
loba lua
de língua lábil
a lamber
libido-lembranças
no lóbulo
do
olvido
há uma
felina dúvida
que arranha
uma ursa sina
que abocanha
uma víbora sanha
assaz
tirana
duvido do bis
do vis-à-vis
da lábia vez
(au
daz)
que ainda uiva
idas luas
insinua
íntimas unhas
crava nu[n]cas
inocula
sua peçonha
façanhas
de um céu insone
sobre insignes
arranha-cios
valéria tarelho
out/2010
* imagem: Madrugada Interdita , de Carlos Botelho
11 comentários:
Aliterações, metáforas e ritmo alucinante. Beijos.
Valéria, adorei esse seu atrevimento com as palavras, atiçando os sentidos e os olhares.
Meu beijo.
Samara Bassi
adoro esse seu!
bjbjbj
"ESPUMAS"
deixo as sensações
sentir o coração
enquanto procuro
nu lugar sentido
um corpo despido
vou à sensualidade
imaginando nela
encontrar boutique
de véus e plumas
onde nosso prazer
expluda a espumas
deixo só a leitura
duma ideia pura
como o coração
feito com razão
se descobre rima
debaixo da língua
descubro a língua
línguas tão iguais
vêm viver sinais
onde nosso prazer
expluda a espumas
Querida poetisa,
Você realiza uma poesia sensual, como a Flá... É uma alegria ler a poesia a realizar do corpo um espaço de vida, por mim conduzido à razão de versos para um lugar onde o poema vive a língua enriquecendo-a de ideias, como as próprias rimas construindo marcas de ritmo e melodia; não aconteceu despertar para esse lado tão fecundo que é descobrir em sensualidade o mundo. Por vezes, o namoro dos tropos, é trôpego arremedo onde o sentido se enamora dos sentidos. Dito isto, posso escrever, nada substituir a razão às sensações que a transcendem e mergulham nesse espaço mu(n)do onde em silêncio se pode pensar o desejo; impossível escrever com sensualidade sem sentir os sentidos a fluir para serem dados como dados jogados na sorte de partilhar seu resultado. Essa partilha teu poema consegue, como o mencionado em igualdade de razão pela temática da Flá. Temática que é mais a sua problemática, a transfiguração do desejo em corpo e vice-versa. De resto… meu comentário é aqui deixado como conversa, vale talvez por trazer poesia e mostrar que a poesia gera poesia e perpétua a Poesia enquanto género.
Cá continuei fazendo género, dando à leitura a componente de escrita que melhor é descrita pela própria. Sem ter a pretensão de dizer o que li, deixo ficar de mim para si ou para ti, como se diz por cá quando se trata por tu. Sem esta o gozo não é o mesmo, pelo menos perde em proximidade e partilha; então tu és o eu outro mais rico de real que qualquer realidade feita das coisas concretas onde o dia tem horas ou o ano meses e um minuto segundos.
Valem estes momentos onde, num instante, tentados a escrever o que insistentemente quer ser… queremos criar do ser; no caso um agradecimento, de prazer colhido! Bjs
Amigos, grata pela leitura e troca de sensações. Como diz o título do blog do poeta Ítalo Puccini, "um sentir complementa o outro", e, dentre os mais variados papeis que a poesia exerce, a 'provocação' é o que mais me [co]move.
Grande beijo a todos!
A rima é curta ,
mais saboreia as nossas estruturas melódicas...
Bela poetização!
Gosto de passar aqui de vez em quando.
Au Revoir!
Boa noite!!
Eu nunca fui da noite o solitário- nunca fui atrevido a não ser com a lingua dentro da boca.
Adoreiii seu texto!
Um prazer conhecer seu blog!
Se puder venha conhecer o Alma.
Um ótimo fds!
Ritmo, muito ritmo!
Me passou uma natureza forte, mas acima de tudo, humana.
Parabéns!
vixe, valéria:
lóbulo do olvido é tudo que qualquer poeta tenta, alguns em vão...
massa, mesmo!
Belíssimo intelúdio, poeta.
Abraço!
boa articulação
a poesia mina
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