Atravesso a Rua do Desespero
como um relâmpago corta a carne da noite.
Cirúrgico, venço a Rua do Cansaço
com um golpe de canivete.
(Esperança é uma via
onde o coletivo não circula.)
Deságuo na Rua da Fadiga
onde ninguém transita –
sexo caro fumando cigarro vagabundo,
menina sem horizonte bicicleta morro à cima.
(Conversa de compadres, sobre o gado,
[fascistas não esclarecidos]
impedindo o livre caminhar pelas calçadas.)
O único poeta digno de nota
escreveu no muro: “Rebelem-se,
seus vermes!”, e escapou da polícia
pela Rua Sem Nome.
do livro Comerciais de Metralhadora
12 comentários:
REBELEMOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bel(l)a execução!
É sempre bom rebelar-se.
bravíssimo, poeta!
1beijo daqui.
Que poemaço! Perfeita escolha das palavras. Eu encontro uma outra forma de rima, que não é a das palavras exatas, mas a das imagens contextualizadas.
Muito bom, poeta!
muito bom trabalho, Nolli.
delícia o corte! ;)
beijinho
Versos que escancaram as ruas, os guetos, abordam os marginais. Há poetas que iluminam onde já há luz. Seus versos miram a escuridão. Parabéns!
Nolli, poetaço, cada vez - e sempre - melhor. Agudo, profundo, desinquietando as acomodações.
Abraço de parabéns.
Sempre enriquecedor ler os seus poemas, Rafael.
Este é especial: as vozes dos sem nomes, dos silenciados e excluídos, gritam em seus versos.
Bravo, poeta!
Abraço,
H.F.
Porrada, como sempre.
Demais, Nolli. Beijo
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