terça-feira, 5 de outubro de 2010

POÇAS DE RUBRAS LÁBIAS




"Escuta, não dou lições nem esmolas, quando eu me dou, é por inteiro." 
[Walt Whitman]."

I - O poeta é largo:
Orgasmo e cuspo ornado pelo silêncio penetrado;
prostituto deslumbrado
que paira sobre o recinto onde quer que perceba
vômito, ferida, anemia putrefata;
blenorragia incomum de matiz amarelejada
ressoando cheiro de imundícia festivamente abarbada;
lápide que esconde outeiro
e caça universo quando goza 
em buracos negros
― e seu jorro inspirador
é distinguido por uma masturbação
única e pessoal,
difundida pela revolução beatnik de Walt Whitman,
o sedutor de Camden.

II - O poeta é agônico:
Irradiação e furor de um boxista no front;
arma de sua fala que gala tal qual uma arma beat;
retrato de satélite russo Sputnik
que se adicionou ao bem dotado mênstruo verborrágico
da procela gramatical;
verme que vive para seus impulsos naturais,
para sua recria e refazimento de seu próprio universo paralelo;
grão que vive e vomita dizeres malditos,
como uma lâmina entre os dentes
a procura de criaturas da noite
sob o extremo da astúcia e do abraço
― e seu pião é rodagem que arroja cavos metafísicos;
o que vive de restos de cinzeiros cubanos
e rastros de olhares malditos e insubstituíveis;
é a tradução gêmea do Deus atômico;
o elixir pávulo da vida.

III - O poeta é borra social:
Ruído de anticorpo estatelando-se no paralelismo da lauda;
gôzo que supre as felações indormidas; 
namorado em gula de sexo
e uma arma letal ainda desconhecida.
O poeta têm anseios mais profundos;
goza verbos rígidos, altivos e concisos,
intensos e diáfanos;
lambe falações poéticas de raios intensos,
cheios de efígies comuns idealistas
― é carcaça nua
e dores indemonstradas.

By Benny Franklin

4 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Que mais iria dizer? Perfeito!

Sidnei Olivio disse...

Na certa, definições incontestes num poema deslumbrante. Abraços, poeta!

Francisco Coimbra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco Coimbra disse...

Caro Benny,
Minha visita e comentário não é mero agradecimento ao comentário que deixaste e acabei de agradecer, já depois de te ler. O que fez com que comentasse aqui o que no meu poema acabei comentando, daí ter apagado o comentário falhado. Quanto ao teu poema, fala, mostra, canta, conta, está a contas... com toda a realidade da Poesia: é molde onde se molda a poesia! Grande abraço.