Ah, se a gente soubesse o que vai viver amanhã...
Se eu soubesse ontem do meu hoje
Não perderia tempo com coisinhas miúdas
Que não valiam a pena tirar meu humor,
Não me desgastaria em discussões alongadas e inúteis,
Não deixaria momentos bons para depois,
Não perderia pessoas, pensando que amanhã
Elas voltariam para mim.
Se eu soubesse ontem de mim,
Cuidaria mais da minha saúde
Para não me preocupar hoje com ela.
Não diria adeus, tiau, até um dia, quem sabe.
Não adiaria visitas,
Beijos na boca,
Aquela trepada sensacional,
A oração suspensa no peito,
A confissão que interrompi,
O que não bebi,
Quem não comi.
Teria compreendido a urgência de ser feliz
Hoje, agora, já.
Ontem.
Saberia como se constrói
O para sempre, a eternidade,
Que não começa quando tudo termina.
Se eu soubesse ontem,
Não me arrependeria hoje
De não ter feito o que queria
E de ter me precipitado em fazer
O que, naquela hora, não devia.
Poderia, se eu soubesse, ter tornado
A felicidade inadiável.
3 comentários:
Só há o agora. Sempre. Poucos instantâneos são tão aqui e agora como a poesia. Boa reflexão. Ouso sugerir que a adotemos na prática.
Vera, beleza de poema - se soubéssemos, tanta coisa seria diferente, não é mesmo. O poema indaga muito bem sobre essas questões! Abraços!
Perfeito!! Lindo, lindo...
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