quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O aluno


São meus todos os versos já cantados:
A flor, a rua, as músicas da infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.

Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.

São meus também os líricos sapatos
De Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta a doçura triste de Bandeira.

Drummond me empresta sempre o seu bigode.
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.



José Paulo Paes


2 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Estou a ler
a obra completa
de José Paulo Paes!

Um primor!

Beijo,
Doce de Lira

Lírica disse...

Pictórico, musical, cálido e refinado. Gostei imensamente.