terça-feira, 7 de setembro de 2010

a maçã do acaso

nosso caso foi
breve
algo assim
entre um relâmpago
de vaidade inusitada
e a flechada
de um cupido sono-
lento

nosso caso foi
breve
algo assim
entre o insipida-
mente simples e o
simplesmente im-
ponderado

você ainda tentou
relativizar fisicamente
mas apenas me lembro
de sua cara en-
quadrada
na janela do trem
mostrando a bífida língua (cobra
que no éden
promoveu o desenlace)

depois
entre as partes par-
tidas (braços
laços jardins corações)
repartiu-se em horas
ensaiando o convencimento
de tudo que (maçã
do acaso) jamais existiu

figura acromática desse drama
incorporei o personagem risório
de fellini e o anti-
personificado da quadrilha
drummondiana
algo(z) assim
entre o motociclista em fuga
e j. pinto fernandes
(que não tinha entrado
na história)

3 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Sidnei, muito bom o poema! Gostei muito da presença de j. pinto fernandes! É isso, abraços!

Anônimo disse...

"nosso caso foi
breve
algo assim
entre o insipida-
mente simples e o
simplesmente im-
ponderado"

Imagino os que não sejam assim.

Adorei!

Erika Auger disse...

Muito boa a presença de Drummond!!


Casos (Erika Auger)

Caso do acaso
De um simples caso, eu caso
Caso com a ideia de um novo caso
Que de tão breve, descaso

Que coisa... tantos casos nas leves canções
Ao acaso dos mais breves casos de puras emoções
Ilusões, corações, recordações
Um perfume, uma foto, aquele carro
Até o cheiro do cigarro, o gosto da menta
O amaciante da camiseta, o toque suave
A eterna presença

Por acaso me distraio com todos estes pensamentos
Noites em claro, escrevendo
Se não escrevo sonho, se não me exponho explodo
São os cacos destes casos que eu cato
E me divirto em recriá-los