segunda-feira, 3 de maio de 2010

Útero - poema de Sylvia Beirute
















ÚTERO

procurando a tua cabeça: quero acordar-te, devolver-te
ao meu útero, teu colar planetário,
fazer-te regressar ao sangue de olhos fechados e incubadoras,
soterrar o teu nome no meu nome, o teu movimento
no meu santuário faminto,
a minha culpa e aguaceiros no teu desejo indeciso de
beleza e desvios. dar-me-ás o teu azul
para que o meu vermelho denso o golpeie de ocupação e pele,
para que duas solidões
se aconcheguem e tornem uma só. e depois, mais tarde,
numa meia-noite de existência avulsa, dentro de mim
dirás o sexo, o sexo
como arredores de um lugar belo.

inédito

6 comentários:

Adriana Riess Karnal disse...

esse veio das entranhas,é lindo!

Henrique Pimenta disse...

Excelente.
Adorei!

Victor Meira disse...

Sylvia, é bom demais! As figuras carnais se mesclam com um imaginário mitológico, de simbologia universal, pra criar quase uma prosa (só pelo caráter sequencial e narrativo) muito rica e precisa, recheada de beleza.

Gosto muito dessa poesia, você acertou em cheio.

Leo Curcino disse...

belo poemas. belas palavras. me fez pensar no quão íntimas, podem chegar a ser quaisquer relações humanas.

Barone disse...

Maravilhoso Sylvia!

Barone disse...

Foi meu poema da semana lá no blog http://escrevinhamentos.blogspot.com/