quinta-feira, 27 de maio de 2010

Somente Tua Alma Foi Dilacerada



Somente tua alma foi dilacerada.
Pouco importa tuas contas dadas.
Regras, leis, CLTs, anúncios de jornal...
És sempre o culpado. Há os que amem os poetas anônimos, os que se rasgam e não se entregam...
Há também aqueles que só te consideram enquanto poetas íntegros: que se dilaceram...
Há os que esperam suas vestes rasgadas,
Suas noites insones...
Seus versos dobrados sob o papel.
Aí, eis poeta!
Com chances, passaportes, canudos...
Flores, belas vestes, escudos...
Das suas dores ninguém quer saber, poeta!
Ela e sua e só a ti pertence!

O apogeu de todo mal.
Que importa o que importa se não pagastes a conta?
O sanatório?
A exoneração?
A aposentadoria por invalidez?
Não pagastes a mensalidade da filha da filosofia....
A mãe de tua agonia.
E agora poeta?
Para que comprastes brigas?
Para ouvir a lei mais rica de quem se corrompe ao mal?
Vai, poeta, cala-te, agora....
Paga tua conta e vai embora....
Entender e a veia matriz do maior mal.
E já que não tens dinheiro, vendas canções de fevereiro.
Massagens embaixo do chuveiro.
Faz propaganda enganosa.
Vai poeta, feito em riso e prosa.
Esquece as lágrimas vãs...
Vá aos bréus do coachar das rãs...
Finges que ris e coachas, a dor do que não foi par perfeito.
Chora pelo que lhe é de direito.
Grilha feito grilo, coacha feito rã...
Vai poeta timoneiro, acende na tocha uma nova manhã...
Paga a conta e some do mapa....
Esquece setas e rumos....
Segue amanhã que amanhece e o sol que, de graça, aquece....
Teu poema não requer timoneiro...
Seu verbo não tem tesoureiro...
Paga, poeta a última taça.
Arregaça a manga e ameaça.
Abraça a vida como sua.

Alyne Costa
Maio de 2010

2 comentários:

Felipe Costa Marques disse...

d'alva poem
adore te
bjos

Joe_Brazuca disse...

como gostaria de ter escrito este !

uma ode !

sinsibilíssima !