a habitual e inevitável discrepância
do tempo-espaço presumido como quântico
assim sentido assim vivido como dogma
imiscuindo às equações do dia-a-dia
cotidiana e virtual geografia
(e onde encontrar perfeita rima para dogma?)
que se desliza ardente e doce como cântico
e faz o aqui sentir-se ali sem mais distância
até que um dia faz-se urgente e essencial
estar-se perto — e a emoção rompe a cortina
mas há o espaço e há o tempo de permeio
(newtoniano e pragmático floreio)
e a teia quântica esgarçada se arruína
na inevitável discrepância habitual
Márcia Maia
5 comentários:
ainda existe para nós [cegos e não-facilmente-desatáveis] :)
Leitura
que exige
da língua
e do intelecto.
Bravo!
"Todo ser é um não ser no tempo"... (nem vou dizer de quem é a autoria). Isso nos leva ao conceito de subjetivação, no qual podemos entender a existência do outro mesmo na sua ausência... ( Lacan), o que me recorda o que disse Winnicott: "O que nos une é a ilusão". Assim, nenhuma distância é grande demais para quem pode subjetivar e continuar sendo mesmo sem ser.
Mas quando as partículas viram meras ondas vibrando... tudo é vago demais até para a intuição, então a maioria prefere apenas sofrer.
Ótimo poema, Márcia. Gostei do ciclo fomado, da forma como você trabalhou com a primeira e a última estrofe se repetindo de forma alterada. No miolo do poema quero destacar o filosófico trecho que se inicia "ardente e doce" e se completa com "O essencial estar-se perto". Muito bom.
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