sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

LAVRAS DA PALAVRA

 Gravura: Affirmation for 2010 by Yoko Ono

(Dedicado ao Poeta e Diretor de Teatro Paulo DePaula)

Escassos pêlos pubianos
navegam acorrentados a mirantes sem catamênios
que nem prisioneiros em barrancos metafísicos
sob noites curtas (sem) de sexo.

Ai! Esses mesmos pêlos-martelos
são os ditos que atraiçoam os nutritivos espermas
ornados com vidros baços,
moldes de branda luz
e ossos de finas rendas.

Por eles
O barco dos loucos navega na masturbação do olhar
e regurgita a ácida argúcia
de sempre acreditar
que a poesia de mim brilha mais
que a desnudada luz.

(Devoro a orquídea mas douro o cais
e de quando em vez deito o tesão
sobre o tecimento da lonjura...)

Ai! Respingamentos de tímidas poesias
são mais desprezáveis que os sangues da liberdade
posto que jamais se estancam em modelar poema nú
como estacam-se de brusco,
e cada mágoa pontiaguda fica imersa num cismar
onde os casacos da solidão e do frio estacam perante
o segredo de desacreditar que o céu
opera nas imundícies e nas sádicas palavras do desejo,
esse, porque mal gerado.

Palmo e palmo o destino a pino
que tece (poeticamente) o corrimento da gala
  mas gala que é gala se esgueira à maneira de urrar
depois palmo a palmo desdouro o orvalho cheio de limo,
e então a vida é lá fora,
vai escorrendo (caninamente) livre nas gretas
e espadas da fala, mas com certeza lá fora...

Vai escorrendo, leve e solta,
ao som de blues da picareta,
neste inverno, de nevoeiro musculoso,
onde o que se olha é uma gravidez de nada:
derradeiros cozimentos, musgos,
rosas galadas,
angústias que nunca se calam.

© Benny Franklin

2 comentários:

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

'...Palmo a palmo o destino a pino...'

Eu me inclino pois mesmo na luta que tenho pela vida e pelaí me
sinto envergonhada de ser Poeta
diante dessa beleza tamanha que é a poesia bennyana
Mas ela está em meus olhos e perfura meu cooração ora triste ora cheio do tesão da alegria, de qualquer maneira choro
de qualquer maneira rio...

Cíntia Thomé

Joe_Brazuca disse...

Sua poesia é fantástica !

por vezes fantasmagórica

por outras...vc reinventa com virtuosismo a funçao da palavra.
Extraordinário !

sempre bom te ler !

(Vai escorrendo, leve e solta,
ao som de blues da picareta...)