domingo, 3 de janeiro de 2010

seres extraviados

não consigo ver alguém com o coração partido
um coração partido
logo parte o meu coração também

o amor é o maior teste para a emoção de alguém
o coração do amor passional está sempre
sempre predisposto à catástrofe
corações pertencentes à seres extraviados
estas pessoas que são como cartas que nunca
nunca alcançarão seus destinatários
nunca repousarão em uma velha
muito velha caixa de chocolates
entre fotos e cartões entregues em mãos
ninguém
ninguém mesmo
reclamará o desaparecimento destas missivas
talvez por sermos todos
cartas de despedida

vida no espelho retrovisor
tristezas num ônibus vazio domingo à tarde
sem dinheiro ou jogo no maracanã
somos descendentes diretos daqueles dois
que há muito pularam o muro
o muro alto do pomar das maçãs
soldados do Desconforto
servindo ao exército da Má Sorte
os seres extraviados são os primeiros a perceber
o quanto estamos fortemente atados
atados à Grande Roda da Fortuna e do Tempo
todos os sonhos foram plantados
nos campos da Lua
talvez um dia
um dia consigamos colhê-los acordados

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