sábado, 23 de janeiro de 2010


ESTAÇÕES

Uma Ondina nasceu neste tanque e ninguém acredita.

Sol lavou todo pátio, minha tia decreta: é abril. Quase sempre, parece.
Dezembro esticado, janeiro perdido em janelas.
Fevereiro roubei suas flores você nem me viu.

Sou assim, meio março ou abril.

A Ondina me disse umas coisas você não me olha.

Nunca sei o que pensa.

Nem os peixes, a roda, o cavalo do tempo.

O seu corpo é de pedra, sua boca de água, sobre as folhas, a sombra. Sua boca que jorra o murmúrio de sempre.
Faz mal não, vivo assim neste abril.

Olho o tempo que passa.

Tudo mais é segredo.

3 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Olá, Helena! Me fez ver em uma canção, uma bela canção, entranhada no corpo do poema! Gostei!

Joe_Brazuca disse...

tudo mais é segredo...

tb gostei !

Barone disse...

"Dezembro esticado, janeiro perdido em janelas.

Fevereiro roubei suas flores você nem me viu.

Sou assim, meio março ou abril."