quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Nuvens

Rezando pela minha paz,
Necessário seria que
As folhas ficassem ali, como loucos não varridos.
Nuvem da fumaça dos incensos e defumadores.
Uma imagem para o coletivo de gafanhotos.
Pelas janelas e portas,
Como que em capítulos,
Saí desmembrado dos cômodos da minha casa.
Levando tudo de mais pesado, meu livro.
Autêntico e único original trabalho.
O Breviário de Conjugação das Nuvens.

Nuvens de tantos pássaros,
Como corvos e urubus.
Estas nuvens, de quando em vez,
Se fortalecem pousando na minha sorte.
Refletindo a luz da lua,
Como se de prata fosse,
Uma nuvem de corvos pousou ontem à noite.
Corvos entre as nuvens são como esperanças
No medo das minhas orações.

Em nome de leveza e velocidade
Queria conjugar verbos como "chover"
Na primeira pessoa do singular.
Chover que é sinônimo de purgar no meu Breviário.
Não posso passar em brancas nuvens
Pela tabuada dos rios
Ou pelas equações do gelo.
E muito menos pela anatomia humana.

Se isto acontecer
Deixaria pela primeira vez se perder
A memória da água.

6 comentários:

Adriana Godoy disse...

Um breviário sobre as nuvens, um poema de excelente qualidade e beleza. Gostei muito. Bj

FC disse...

Um poema para ser lido com tempo e seguir a história que nos é contada pelos versos do poeta, romanceando uma saída mais imaginária que real ou vice-versa. Versar dos versos sem deixar perder «A memória da água», acrescentando poema ao «Breviário de Conjugação das Nuvens», deixando corvos representar esperança? Coisas de poeta… «Corvos entre as nuvens são como esperanças/
No medo das minhas orações». Obriga-nos a ser poetas, intérpretes da palavra «Pela tabuada dos rios». Parabéns!

Benny Franklin disse...

Poema com oxigenio.

Barone disse...

Grande Audemir. Belíssimo poema. Para mim, o seu melhor até o momento.

Tenório disse...

Excelente! Tb achei um dos seus melhores. Muito bom mesmo.

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Poema para navegar...ler e ler...sentir e doer e também amar...Poesia Prima!!!!!

Cintia Thome

abs