domingo, 1 de novembro de 2009

de tanto amar

vem dizer as palmeiras, pupilas do vento,
perfiladas à margem dos meus sonhos. vem
escrever os olhos do alvorecer nos meus olhos
para que o sol devolva luz suprema ao sentido.
sabes, ceguei. de tanto amar ceguei. tacteio a terra.
planto o que não sei, na esperança de que alguma coisa
possa acontecer. podem aflorar aves nas mãos do cacimbo,
subitamente, a cantar um país que a chuva deixou amadurecer.

mariagomes



in " Di Versos"
Revista Semestral de Poesia e tradução ( 8)
Coord. de J. Vilhena Mesquita e José Carlos Marques
Edições Sempre- em- Pé ( Portugal)

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo.

Joe_Brazuca disse...

de amor tb sem morre...

lindo mesmo !

tenório disse...

Muito lindo, poeta. Sua poesia sempre é deslumbre.

Barone disse...

"vem escrever os olhos do alvorecer nos meus olhos"

Lindíssimo Maria!!

diario da Fafi disse...

Fico a imaginar
você a declamar
com o sotaque lusitano
de meu pai que tanto amo.

Fico só a imaginar..
e a me lamentar...
pois há um enorme oceano a nos separar.

(RSRS)


Bela poesia.