quinta-feira, 20 de agosto de 2009

da sacada

1-

vejo-me ao largo
refletido
repartido em cada alma

partes de um quebra cabeça
desmontado
fracionado.



2-

o menino aproxima-se
e toca o velho
imóvel não responde
mantém os óculos equilibrados sobre o nariz
e a mão no batente de ferro

o menino insiste
o velho faz pirraça
não atende ao chamado

a noite atropela o dia
pela contra -mão do tempo

o menino desaparece pelo corredor
não percebe
enquanto o velho
esboça um sorriso
de indisfarçável satisfação.

da sacada


o que espia o poeta na janela
e que torna tão grave a sua face —
outras faces que não a sua face
refletida no vidro da janela

o que vê quem de baixo olha a janela
sem que nela adivinhe a sua face
entrevê o poeta — não a face
que a esconde o sol pondo-se à janela

e em não mais que um segundo na janela
um sorriso desperta nessa face
em seguida ilumina a outra face

e a despeito do vidro da janela
duas faces se fundem noutra face
que se diz do leitor e é do poeta


Flávio Machado & Márcia Maia

7 comentários:

BAR DO BARDO disse...

... bom jogo de espelhos...

Anônimo disse...

essa dobradinha vai longe...

Flavio Machado disse...

companheiros valeu pelos comentários essa parceris tem uma longa história.
abs
Flávio

Flavio Machado disse...

companheiros valeu pelos comentários essa parceris tem uma longa história.
abs
Flávio

Adriana Godoy disse...

muito bnem conduzido e ritimado o poema. As cenas são especiais a gente imagina...os sentidos são vários. Belo poema. Parabéns pela parceria.

Julia Duarte disse...

Olá, meu amigo poeta!
Belas palavras ;-)

Priscila Lopes disse...

Muito bom. O desfecho nos deixa refletindo.