sábado, 23 de maio de 2009

A genialidade do óbvio


Era noite.
Apagou-se a luz.
Ainda na escada,
eu me pus
a sacudir a lâmpada
queimada,
para conferir
o filamento solto
de tungstênio.
E não é que dela
saltou um gênio?


Bizarro.
Concedeu-me
três desejos,
desde que hilários.
Lembrei-me
dos contratempos diários
e pedi:
_ Que a fumaça de cigarro
suba diretamente
ao nariz do fumante!
_ Que a mentira faça,
por instantes,
a mão de quem a disse
totalmente amarela!
_ Que, à próxima tolice
ou falta de educação de vizinho,
em minha casa
se queime
uma lâmpada como aquela!


O gênio sorriu,
atendeu-me,
mas partiu aflito.
Precisaria voltar quantas vezes
até que, ao mundo,
fosse dito
o óbvio?


Publicado em 01/05/09 no blog:


14 comentários:

Chá das Cinco disse...

Adorei o Blog!
Gostei tanto que fiquei nele.
Espero que goste do meu, te aguardo para um chá.
Um grande abraço
Gemária Sampaio

tanianaodesista disse...

gostei muito ,renata!
os pedidos...provàvelmente,deram um "nó" na "genialidade" do gênio. ...simplórios e eficientes!
o óbvio..????
bjos
tanianaodesista
ps:já tinha visto no seu lindo blog

Adriana Godoy disse...

Já conhecia o poema e fiquei feliz em o reler. Muito bom mesmo. Beijo.

Adriana Riess Karnal disse...

Que poema interessante!!!prá lá de criativo.

L. Rafael Nolli disse...

Oi, Renata. Bacana o poema. Gostei do questionamento proposto: até quando e quantas vezes vai ser necesário?... Abraços!

Renata de Aragão Lopes disse...

Obrigada a cada um pelo comentário!

Xiiiiiii, Nolli, creio que esse gênio terá que voltar incontáveis vezes! rs

Benny anklin disse...

Gostei, Renata!

Hercília Fernandes disse...

Um texto agradável de se ler, com elevado conteúdo de mensagem.

Parabéns, Renata, por sua sensibilidade poética e humana.

Beijos :)
H.F.

Beatriz disse...

ah, Renata que coisa mais bem feita. sublime, delicada, engraçada. Eu adorei de novo e sempre gostarei desse poema. Agora, de todos os desejos esse sobre os vizinhos era minha idéia fixa do momento. Resolvi passar um memorando interno-externo. Ficaram "mudos", "surdos" e "cegos" mas ainda não transparentes.
Beijos

Tião Martins disse...

Já conhecia e curtia essa versão moderna do gênio da lâmpada. Sempre bom reler a Renata.

Márcio disse...

Pois é Renata e eu que pensava que poderia acendê-la novamente conferindo o filamento solto! De agora em diante vou esperar para quem sabe encontrar o gênio que me conceda seu primeiro desejo.
Beijos.
Márcio

VERA PINHEIRO disse...

Renata, adorei! Eu admiro os teus versos. Beijos.

Victor Meira disse...

Eeeeeee, Renata, fantástico! Adorei o gênio do tungstênio. Vou falar umas tolices hoje em casa.

Beijó!!

Renata de Aragão Lopes disse...

Benny e Hercília, obrigada pelos comentários!

Beatriz e Tião, obrigada por me prestigiarem sempre, sobretudo em meu blog particular!

Papai, que surpresa! Adoro quando você vem e comenta o poema! Um beijo!

Vera, obrigada pelo elogio mensal, sempre carinhoso!

Victor, esse gênio do tungstênio terá tanto trabalho! rs

Abraço a todos!