Me procuro nas rugas das mãos
Na linha da vida
(que nunca soube qual era)
Nos anéis
que envelhecem com os dedos
Me procuro
no reflexo da janela
fechada
No relógio de pulso
parado
Me procuro
Nos segundos
De um tempo
que despenca
e me falta
Me encontro
ajoelhada
em um canto de mim
rezando
em silêncio
implorando
para que a luz não venha
e eu não corra o risco
de me enxergar
velha
E que se espalhem
as cinzas
da minha juventude.
Julia Duarte.
10 comentários:
Oi Julia somos companheiros de dia, li o peoma com bastante interesse, e gostei muito, tenho um poema com esse nome, poderia colocar no próximo post, uma pena que não tenha esperado mais um pouco e colocaria hoje, enfim, é isso
abs
Flávio
Tem um "quê" de solidão que a velhice parece trazer consigo o poema. triste, embora belo.
Eu conhecia esse seu poema.
E já o adorava...
O seu Tempo é o de todos...
principalmente meu, por ter-me tocado sobremaneira...
Claro, sincero, profundo, intenso...
muito bom, Poetisa !
abraço
Seu poema me tocou, Julia. Sua introspecção tem alma contagiosa; senti um vácuo no peito. Parabéns pela habilidae de compartilhar tão bem sensações íntimas que, provavelmente, todos temos em comum, mas que poucos conseguem expressar.
Um beijo,
Chico
Poema que escancara com poesia o tempo inexorável e que deixa marcas nem tão belas. Bonito.
Não vemos o tempo passar sobre nosso corpo. E a poeta ressignifica suas marcas com versos bem construídos.
Júlia, teu poema me lembrou Cecília Meirelles que também vê as marcas do tempo nas mãos.
O passar do tempo acontece para todos nós, mas, talvez, os poetas consigam expressar mais sabiamente o seu medo da finitude e o seu desejo de imortalidade. Um belo poema! Parabéns. Lúcia.
Muito bom!
seu texto vai além do infinito
onde o tempo é devagar e instigante
congratulações pelo sensível poema
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