Mãos de meninos
em esquinas e becos
tem mãos de meninos
que roubam
que matam
que morrem
na pele, no osso
o medo, o terror
e na noite vazia
tem nas mãos de meninos
pedra, punhal
ou serão
gotas de sonhos
que não germinaram
com os sentidos bloqueados
entre lama e fantasmas
o que tem no abandono
é o belo em carrancas
que traduz o escuro
o avesso da vida
corroendo a alma
com total dissabor
e nas mãos de meninos:
pedaços de nada
a bandeira da dor
Cláudia Gonçalves
6 comentários:
Poesia exata, contundente e sutil, "comme il faut" !
Triste sina essa de nossos meninos todos e suas mãos desocupadas de lápis, papel e alfabeto !
Bravo, Poetisa !
abraço
Joe
A forma como dispôs os versos conduz ao fio nada tênue da vida desses meninos tão perdidos, com as mãos segurando armas e não sonhos. Bonito seu poema.
Lindo poema, Claudinha !!
Adultos com os sensórios embotados produzem meninos assim. E esses meninos geram outros meninos muito cedo na vida...
Como haver lirismo num mundo desses ?
Beijooo,
Chico
Mãos de meninos em poema de mulher.
Quem são esses meninos?
Serão, ainda, sujeitos traduzíveis?
Muito bom, gostei.
Poema de prima!
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