segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Guarda-chuva-sombrinha preto


Não imaginei caminharmos na chuva, aquele dia, com meu guarda-chuva-sombrinha preto.
Simples, pequeno, com uma haste quebrada a desviar a circunferência da chuva.

Corei ao te ver aproximar-se com aquele meu descuidado chapéu negro. Todo primeiro encontro deseja ser impecável, como o segundo, e o terceiro. Porém, a simplicidade aproxima. Assim seja.

Então chegamos perto, dividindo o abrigo da chuva. Seu braço protegeu meu ombro nu e se alternou na travessia das alamedas me distanciando cuidadosamente da rua.
Um guarda-chuva-sombrinha preto, assim, como o próprio nome diz: o feminino abrigado entre dois braços-nomes masculinos.

Hesitei meu braço na timidez do gesto. E agradeci a chuva.




arte: Marc Chagall

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