jan saudek
XXXII
12/06/03
Enquanto estronda a guerra lá fora e a fúria desordenada salpica granadas e testículos, enquanto a barbárie ressoa lá fora e o ódio desmedido esquarteja canhões e homens, eu sento e escrevo o seu nome.
Grifo-o, em alto-relevo, para os que não podem ver; grito-o, em altas palavras, para os que não podem tocar.
Enquanto despejam a guerra lá fora e a angústia desenfreada alicerça fronteiras, enquanto a desavença ceifa moradas e moradores, eu sento e escrevo o seu nome.
Risco-o, na areia, para os que estão de passagem; selo-o, nas estrelas, para os que não têm pressa.
Enquanto vou escrevendo seu nome, a guerra lá fora intenta endurecer meu pobre coração; enquanto vou escrevendo o seu nome, a guerra que se avoluma arranha a minha porta.
O seu nome eu risco na semente, para os que estão por vir; cravo-o nos olhos dos mortos, para que os mortos possam lembrá-lo sempre.
Enquanto fortificam a guerra lá fora e a dor sem fim dinamita povos e populações, eu sento e escrevo o seu nome: e ele é uma trincheira que cavo na noite escura, uma barricada que ergo.
E vou fazendo até que não conseguirei suportar mais a fome e passe a correr Coca-Cola em minhas veias.
*
12/06/03
Enquanto estronda a guerra lá fora e a fúria desordenada salpica granadas e testículos, enquanto a barbárie ressoa lá fora e o ódio desmedido esquarteja canhões e homens, eu sento e escrevo o seu nome.
Grifo-o, em alto-relevo, para os que não podem ver; grito-o, em altas palavras, para os que não podem tocar.
Enquanto despejam a guerra lá fora e a angústia desenfreada alicerça fronteiras, enquanto a desavença ceifa moradas e moradores, eu sento e escrevo o seu nome.
Risco-o, na areia, para os que estão de passagem; selo-o, nas estrelas, para os que não têm pressa.
Enquanto vou escrevendo seu nome, a guerra lá fora intenta endurecer meu pobre coração; enquanto vou escrevendo o seu nome, a guerra que se avoluma arranha a minha porta.
O seu nome eu risco na semente, para os que estão por vir; cravo-o nos olhos dos mortos, para que os mortos possam lembrá-lo sempre.
Enquanto fortificam a guerra lá fora e a dor sem fim dinamita povos e populações, eu sento e escrevo o seu nome: e ele é uma trincheira que cavo na noite escura, uma barricada que ergo.
E vou fazendo até que não conseguirei suportar mais a fome e passe a correr Coca-Cola em minhas veias.
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11 comentários:
Nolli, querido e grande poeta, tocaste profundamente o meu coração com a tua arte! Dói, mas é lindo. Como alguns nomes que são inevitáveis na memória e no coração. Parabéns emocionados.
bom poema de amor e atualidade.
De prima. Muito bom!
Adorei. Um poema belo que toca a realidade com dedos mágicos.
belo poema. e todos esses nomes... ah, os nomes!
Legal, rafael, bem bonito. O jogo do sublime contra o brutal gera um contraste que firma bem as figuras ao longo do texto. Isso é bom, o texto fica gostoso de ser lido.
Na figura do fim, da coca-cola, lembrei de uma figura que eu usei uma vez. Não sei se dialoga com o seu texto, mas foi interessante a pequena semelhança. Ó: http://manazinabre.blogspot.com/2008/06/beleza-regular_13.html
Só pra constar também, eu adoro o Saudek, haha.
Legal, bacana.
Abraço!
Camaradas, agradeço as visitas e os comentários! Valeu!
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Victor, fui lá conferir! Achei que os dois textos dialogam e com muita propriedade! Muito bacana encontrar esse tipo de aproximação em dois textos tão distintos escritos em épocas diferentes! Abraços pra ti!
Bom trabalho, camarada!!!
ótimo poema!
Nolli. Que beleza. Você escreve o poema que me faz lembrar, que me desperta a ira. Aplausos.
Conflito infinito em versos potentes.
Cada estrela-nome que há...
...?E no pós infinito com talvez seu pluriverso?...
a priori quantos parabéns!
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