quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ondas e vagas

alice encontra a lagarta
para alice está tarde para as palavras
sobre o lindo cogumelo gigante a lagarta oferece a névoa reparadora
some alice como se fosse o ar
“nas mesmas águas que o místico nada o drogado se afoga”
eu e alice nunca passamos da arrebentação
em alto mar todas as ondas são vagas
não quebram simplesmente
sua arte é perambular.
nem com todos os aterros
possui a terra a pedagogia das águas
matamos a circum-navegação
e nossa arte de vagar
um rochedo precioso atirado em alto mar
é mais túmulo que adorno

29 comentários:

Barone disse...

Audemir, quase uma viagem lisérgica meu caro. Seja bem vindo.

Anônimo disse...

Belo poema, amor... um presente para os olhos e os pensamentos.
Beijos,
Márcia

Felipe Costa Marques disse...

Congratulations!
"Como é que a chama?"
Um envolvente cingido pra você.
Té.

valéria tarelho disse...

o poema chega a ser tsunâmico, tão vasto e de tamanho impacto! [sem, no entanto, causar estragos ~> só mergulhos possíveis... pasmos diante da imensidão].

Anônimo disse...

Muito loco
eu diria

um a braço!!!

Alice Salles disse...

porque alice não sabe onde vai - e nunca ligou. não poderia ter sido mais POÉTICO! belíssimo.

Joe_Brazuca disse...

Bons tempos meus, tempos nossos
de borbopaints de afogados sonhos mistiloucos, pra poucos...
Muito bom mesmo, poeta, apesar de vc ser Flu...(brincando...rs)
abração

Beatriz disse...

Na onda desse mar, viajei nesta tarde em que chego depois de mudar tantas vezes, nem sei quem sou, não me explico. Circum(e)navego vaga.
Gostei do encontro.

rogerio santos disse...

esse texto é para ser lido várias vezes... navegar é preciso e andar sobre as águas também... menos túmulo, menos adorno e mais embarcação...

"nem com todos os aterros
possui a terra a pedagogia das águas..."


tenho um poemeto que se contrapõe ou se funde um pouco com esse belo pensamento...
traz em si, o momento em que a terra bebe a pedagogia das águas...

Térreo
ROGERIO SANTOS

a razão do recomeço
do viço de cada jornada
mora no canto da alma
no cheiro da terra molhada


Um Abraço,
Rogerio

flaviooffer disse...

O que fazemos nós, senão perambular nas vagas?
Fazemos arte que jogamos ao léu em busca de olhares contemplativos que saibam apreciar a beleza contida em nossos versos...
Mas se repousar sobre uma pauta que nunca for lida, ou um livro nunca aberto, será sim, mais túmulo que adorno...

Vaguei nessas ondas!

Abraços.
Paz e Poesia sempre!

L. Rafael Nolli disse...

Belo poema, com certeza. A linguagem poética muito bem explorada, me fez viajar nessas ondas, repletas de metáforas.

L. Rafael Nolli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victor Meira disse...

O último verso é sísmico. Bonito, viu? Legal essa conversa entre poesias.

Abraçø!

Assis de Mello disse...

Entre a lagarta e as vagas do mar há um abismo de arrebatamento imagístico e é aos espaços assim que precisamos dar mais atenção. Nossas cabeças (leia-se espíritos) clamam por abertura e distância dos confinamentos. Adorei o poema. Também fugi como se fosse o ar.

Benny Franklin disse...

Grande; Barone!

Poema que é um tiro no escuro...

Tapa na face da mesmice!

De prima!

Guto Leite disse...

Muitos versos precisos e preciosos, grande impacto no todo. Saramago, Antunes e boa etc. Abraço e parabéns pela estréia

Benny Franklin disse...

Audemir, peço-lhe desculpas por confundir com Barone.
Abçs.

Adriana Riess Karnal disse...

Muito alice!maravilha de poema!
http://anndixson.blogspot.com

Audemir Leuzinger disse...

caros e caras,
obrigado pelo carinho e por jogarem meu poema para além dos sete mares.
como diria bob dylan: nao tenho nada a nao ser afeição por todos que tem navegado comigo.
Audemir -- The Fool

Anônimo disse...

a vontade é quase inteira a de se afogar. mas com um poema certo, desenhado assim, nado. nado, mas sem passar da arrebentação... fico ali com alice e a lembrança mística de uma lagarta calma, muito calma. e, me parece muito certo que não me afogue nunca, pois a água é professora... e que belíssimo adorno.

Márcia Maia disse...

'e nossa arte de vagar
um rochedo precioso atirado em alto mar
é mais túmulo que adorno '

esses versos são um achado!

Anônimo disse...

Belo...Fruto de muita "transpiração"
Parabens.
Beijos.

Storyteller disse...

Audemir pode não ser bom de bola, mas é bom com as palavras!
Gostei muito da relação entre mar e amor... o "nunca passamos da arrebentação" foi genial!
Abraços!

Day disse...

Audemir!
lINDO...
bem você mesmo:
misterioso e cheio de metáforas..
amei!
parabéns!

cisc o z appa disse...

a
li
mentei-me
a
li
ciei-me
nessa
arte
de
vagar...

evoé, audemir!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

E assim não veremos o reverso
o avesso da medalha submersa
a cara
e coroa
diluem-se...
Bárbaro

pinkable disse...

As palavras, quando Audemirianas, ganham a etimoligia erudita do coração.
Todos sentem.
Parabéns!
Mais uma vez esse homem se consagra.

Marcelo Bacellar disse...

A poesia é onda e tem vaga. A onda é poesia, espaço vago. A vaga é do poeta que tira onda! Bonito, grande amigo das letras, das traças e trapaças. Vou postar também.... abs

Unknown disse...

Sou seu Fã!!!!