sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Cantos Marginais
1
Na confluência da lânguida espera
que a seu tempo se fará lêveda.
Bêbedos de metáforas masturbantes
como sal e silêncio das vagens rubras
que flutuam do nascente ao cimo do pensamento —
não sem antes saracotear a fertilidade que agoniza
— habitam os cantos marginais.
2
Seus covões babam seda.
Seus iletrados grelos
sobejam em penitência uníssona junto à clareira
toda vez que se compadecem da aurora
e multifixam ferrolhos nas encostas
dos brônzeos cemitérios
— não sem antes esfolar outonos —
cobertos de ilógicas grinaldas.
3
Eu, por mim!
Faço-me de colhedor e perdôo frutos diáfanos,
porque sou servo do respingo mormaçal
e porque torpes e sonâmbulos punhais em cacho
só me servem para jugular
palavras de estrume...
4
Há uma expiação sob meus olhos,
os versos e um atalho: — Verborragia!
Entretanto eu sei de mim partido
com ou sem mirantes
e aprendi que tudo perdurado no bíceps do olhar
— não sem antes ponderar
que o que vomita de véspera
é o que não copula e contrai — foge do óbvio,
atina-se; enamora-me.
5
Ai! O túmido montante de chão
boqueja o enigma do cais.
Mistério é lágrima que nunca estanca,
mormente quando a fúria levedada
ensina que o corrimento da partida
contamina a anelante espuma
tanto quanto quem lhe aprese
a face.
6
Aos homens-pós e às túmidas aragens
apenas sobram crespas cascas
do grão escrotal...
Oh! Oh!... Perdoe-os Pai,
pois o que sabem
os homens das macelas grávidas
e do falecimento vesperal?
Fotografia: NãoSouEuéaOutra.
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benny
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17 comentários:
Realität!
Que sexteto poemeto!
"Um longo suicídio...", Como a vida tem que ser. Prazeroso!
Esses outonos cobertos de ilógicas grinaldas são dezembros enigmáticos.
Como de praxe, Benny. Sem palavras.
O mistério do cais é uma bruma
htpp://anndixson.blogspot.com
benny,
fui pela margem
sem propósito
sem rumo
camponês
redescoberto
nos calos nodosos
desses cantos seus...
evoé!
Meio Ginsberg. Uivante.
Nada. E tudo.
Pois é, bateu firme! No fundo e no raso é isso mesmo, parceiro. Se somos o que somos, somos isso! Abraço e arte
Muito bom.
Belo Poema!!!
Palavras em moviemento.
VISCERAL !...CINEMATOGRÁFICO !
Benny, não conhecia sua poesia pulsante / pulsátil. Contundente, diria, sem soar agressiva.
Prazerosa!
Gosto muito de poemas longos, com uma construção bem elaborada. Bacana.
Gosto muito de poemas longos, com uma construção bem elaborada. Bacana.
Olá, Benny!
A força da sua poesia (e eu não tenho a menor dúvida...) é maior que a gravidade de Júpiter.
Impressionante é como você é um possibilista...
Foge à mesmice!
Parabéns!
As cascas serão abertas...
OS HF
lendo Gregory Corso e pensando no sertão.
isso é muito.
muito mesmo!
muita lágrima e muito mistério..
abs
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