sábado, 5 de março de 2011

NÃO PARA OS NAUFRAGAMENTOS DO TEMPO!

Fotografia by Ben Goossens

"Cada um de nós para o tempo em busca do segredo da vida. 
O segredo da vida está na arte."

(Oscar Wilde)

Para Aldísio Filgueiras


Agora
  sob o silêncio em pedaços
  os
  náufragos   
  no rio
  que estua.

                          [Suaagonias jamais deixaram
de empregar nos cuspes afrodisíacos do remorso
                     as 
                 imutáveis transfigurações
                               do antes-gôzo]

Quem foram eles?
 Triângulos etéreos, 
    vísceras burguesas,
       sensualismos sodomitas...

Ah! 
 Para os nossos redivivos
   ― corpos lúbricos arrotados 
                   em cacho ―
                é que o rio encefálico dura;
            e,
         durando está sob a ordem de encher-se de nunquidades,
     de ser um estuário de forças lagrimalescas,
       de encher os epiléticos funerais de fogo 
                                                   e poder.

Agora
    devagar com o andor
        que os nossos trôpegos em pêndulos
               são de barro 
                  e saliva.


Ah! 
 Para os nossos bêbados
― moinhos especiosos metamorfoseados 
                       a simetria dos candelabros,
                                        sincera-idade-que-vaza
                                     e a não de toda
                                   impenetrável
                                sofreguidão.

[Certamente
 todos nós já fomos
 ou seremos iludidos
 pelo próprio naufragamento 
 do tempo]

Gozos futuros?
Esses colidirão um contra o outro
com chances de abrirem os olhos 
   a um novo
      velário espesso.


© Benny Franklin
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3 comentários:

Anônimo disse...

Falta ar, sempre, mesmo à tona - ainda menos às borbulhas abissais...

Valdecy Alves disse...

A poesia é a manifestação que tem como alma o sentimento, a mais profunda interpretação que o poeta pode ter do mundo que o cerca, passado, presente, futuro... das belas artes o ápice. Convido a ler uma poesia de minha autoria, escrita em 05/03/2011 e publicada em meu blog: http://valdecyalves.blogspot.com/2011/03/canto-vida-peregrina.html

L. Rafael Nolli disse...

Naveguei pelo poema sentido os seus meneios, sendo conduzido por um rio invisível.
Benny, um belo poema.