Então vou nadear como Manoel
por entre as letras embaralhadas
nesta estrada de sons e de palavras.
Vou navegar nestas águas ribeirinhas
que se entrelaçam como sonhos
na cabeça dum louco.
Vou me afogar na areia
que em meus olhos se espalha
nesta terra sem montes, sem mar.
Então vou rir de tanta coisura
a bailar pelas voltas e retas desta cidade.
E mesmo assim o nada me invade,
me inunda a alma com boca
escancarada, repleta de tardes.
Que ainda me pego cheirando
sal de oceano, enquanto nos olhos,
apenas uma nesga de chão.
Mas não me meço por saudades
E nem por olhar pelos ombros
Que tombos muitos levei assim.
Então me aquieto olhando mangueiras.
Mangueiras é parte do livro Outros Sentidos (07/2008)
10 comentários:
Embora já tenha lido, um bom poema tem essa vantagem, cada vez que o lemos encontramos outros sentidos. Beijo.
Magífcas imagens Barone: a boca repleta de tardes, nesga de chão nos olhos,voltas retas da cidade
rir das "coisuras"...a invençao é sempre a poesia em ação.
Muito interessante o poema, meu camarada. Me chamou muito a atenção o trecho sobre afogar na areia, achei uma inversão muito bacana. Outra coisa, o início é de uma beleza muito grande, revela muito sobre a arte de escrever... Abraços.
caramba!
envolve
tudo que nos
revolve
no instante
entre
o tombo
e
o chão
grande barone!
uma régua desmedida:
saudade é trem descarrilhado,
essas somas
tempero indispensável da vida.
Ei Barone!
Lendo dá vontade de ir pro meio do mato, quem sabe encontrar o Tom Jobim por lá... e principalmente a última frase, a derradeira, lembra minha infância e não me pergunte porque.
Parabéns!
Mangueiras de Belém!
Boa, Barone!
Olá Barone,
Acabo de me juntar a este belo desafio, deixando abraço transatlântico!
Francisco
Oh Mangueiras de Campão!
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