domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mangueiras

Então vou nadear como Manoel
por entre as letras embaralhadas
nesta estrada de sons e de palavras.

Vou navegar nestas águas ribeirinhas
que se entrelaçam como sonhos
na cabeça dum louco.

Vou me afogar na areia
que em meus olhos se espalha
nesta terra sem montes, sem mar.

Então vou rir de tanta coisura
a bailar pelas voltas e retas desta cidade.

E mesmo assim o nada me invade,
me inunda a alma com boca
escancarada, repleta de tardes.

Que ainda me pego cheirando
sal de oceano, enquanto nos olhos,
apenas uma nesga de chão.

Mas não me meço por saudades
E nem por olhar pelos ombros
Que tombos muitos levei assim.

Então me aquieto olhando mangueiras.

Mangueiras é parte do livro Outros Sentidos (07/2008)

10 comentários:

Adriana Godoy disse...

Embora já tenha lido, um bom poema tem essa vantagem, cada vez que o lemos encontramos outros sentidos. Beijo.

Beatriz disse...

Magífcas imagens Barone: a boca repleta de tardes, nesga de chão nos olhos,voltas retas da cidade

Adriana Riess Karnal disse...

rir das "coisuras"...a invençao é sempre a poesia em ação.

L. Rafael Nolli disse...

Muito interessante o poema, meu camarada. Me chamou muito a atenção o trecho sobre afogar na areia, achei uma inversão muito bacana. Outra coisa, o início é de uma beleza muito grande, revela muito sobre a arte de escrever... Abraços.

cisc o z appa disse...

caramba!

envolve
tudo que nos
revolve

no instante
entre
o tombo
e
o chão


grande barone!

Flávia Muniz Cirilo disse...

uma régua desmedida:
saudade é trem descarrilhado,
essas somas
tempero indispensável da vida.

Anônimo disse...

Ei Barone!

Lendo dá vontade de ir pro meio do mato, quem sabe encontrar o Tom Jobim por lá... e principalmente a última frase, a derradeira, lembra minha infância e não me pergunte porque.

Parabéns!

Benny Franklin disse...

Mangueiras de Belém!
Boa, Barone!

Francisco Coimbra disse...

Olá Barone,
Acabo de me juntar a este belo desafio, deixando abraço transatlântico!
Francisco

Felipe Costa Marques disse...

Oh Mangueiras de Campão!