domingo, 25 de janeiro de 2009

SP...OK ! ou Sampa, Ailoviú !




Do lado de fora, a água velha de chuva suja
limpa as calhas e caras do monstro de aço
raios relâmpagos de mim mesmo, louco traço
deixa a lama da alma correr, antes que fuja

Sentinelas esboçam no cruel da noite
motor_cicletas reluzentes ciclos nauseabundos
Veias negras asfalticas de sangue e açoite
vão encravando dentes em rios tão imundos

Ah!...Osvalds e Décios andam Caetano
hotdogs, Zé Celsos interpretam em panos
quão anhangabaú na Berrini Tevê ?
Ibirapueras insanos tolos sonhos de valsa e de você...

Quero e querem o elevador todo Lacerda
Dutras lotadas pra fugir dessa louca merda
Suor de fumaça corpórea de tesas marginais
Soam sinfonias de sírios de gritos madrigais
Consolação dos Paulistas nas escadarias de Municipais...

Tempo mutreta de praça de árvores de Pais_sandús
Rubem aBerta de asas congonhas decolam
hormônios de espanto gregoriano São Bentos solam
Repúblicas e Arouches retinas e minas de negro Bantú

Chique café pó de arroz, jardins, Bel'é Cintra,
de Luízes e Farias as limas d' Eusébios quem pinta
carrões reluzentes faróis emergentes com Brigadeiros
vitrine Oscar Freires de feixes "bistrôs" tão rampeiros
da Sé vendo o ouros desformes metrôs garimpeiros

Ah!...tão Jaçanãs Tarcilas del Pichia pinturas
tantas vitórias Brecheret, Adoniran de lagoas e firulas
Na Leste de parques de Oeste pífias Tietês quimeras
De vilas Marias e Anas d'oeste, de norte Zuquim de Araçá
Vem correr pr'esta terra de toda cor e sabor, na dor, Shangrilá...

13 comentários:

cafundó disse...

Um poema de crítica e tensão, como deve ser a alma lúdica do poeta.
Dá vontade de pinchar muro!

cisc o z appa disse...

caramba!
urbananada!

poesia acesa
a burilar geometrias e figurões
a convocar estalos e explosões
a tirar do limbo
a vontade de dizer: paulicéia, te amo,porra!

é uma quase-homenagem de desculpas
por são paulo ser são paulo!

evoé, grande poeta!
e diga-se: poeta com maestria.

abraços ternos,

fernando

Adriana Godoy disse...

Um retrato de Sampa sob a visão única de um poeta. Muito bem construído, mágico, belo!

rogerio santos disse...

São Paulo de todos os poemas...

Valeu Joe !
poeMassa !!!

Barone disse...

Metropolética.

L. Rafael Nolli disse...

Uma vissão poética, forte, de uma cidade com mil faces - o poema enumerativo consegue dar uma visão gigantesca dessa enorme cidade de toda cor e sabor! Beleza!

Joe_Brazuca disse...

Obrigado pelos comentários, meus queridos correligionários !
cordial abraço a todos !

Benny Franklin disse...

Grande, Joe!

Os arranha-céus de São Paulo
são do tamanho de seus versos.

Boa!

Beatriz disse...

Daqui, d'acolá, escapo pra Sampa nos teus versos.
Saudades da cidade amada, odiada e nossa pra sempre.
Impossível ficar indiferente

Anônimo disse...

JOE "PAULISTANO": Além de uma fria crítica, mas poética visão, da nossa SAMPA, é uma tremenda homenagem... Gostei muito. Parabéns!

flaviooffer disse...

Nossa...Conheci SAMPA num instante!
O poema tem o rítmo alucinado da cidade grande; chega a sufocar. Apresenta-nos uma imagem bem definida do que é essa metrópole, com suas figuras, personalidades!!!
Abraços.

Alice Salles disse...

São Paulo é mais que nossa terra, é terra de gigantes e anões que não necessáriamente andam de mãos dadas... Lindo poema!

Joe_Brazuca disse...

valeu , gente-poesia !
abraços a todos