quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Eu queria

Nossa companheira Vera Pinheiro teve problemas em postar seu poema hoje, portanto eu estou postando para ela.

-

Eu queria jamais ter magoado os que amo,
em nenhum momento ferir pela palavra,
pela confissão dos meus desassossegos,
com minha sinceridade espantosa e atroz,
por revelar dúvidas, limites e emoções.

Eu queria não ter lembranças dolorosas,
que afloram em repentes incontidos.
E não me desculpar, pedir perdão,
explicar e justificar exaustivamente
os meus erros, equívocos e contradições.

Eu queria não precisar melhorar demais
para tentar chegar perto das expectativas
daqueles a quem quero bem, e comigo.
Ser irrepreensível, forte, conveniente.
Sem angústias nem questionamentos.

Mas sou inteiramente humana!
Em luta contra os meus temores,
desafio riscos, hesitações e incertezas,
e alterno pranto, sustos e alegrias
na vida de momentos felizes ou nem tanto.

Enquanto isso... me cobram ser perfeita!
Sem as memórias e as experiências.
Sem as marcas e as agonias do meu ser.
Sem os antagonismos que confundem.
Sem a rudeza e a ousadia de ser como sou.

Então, tudo se torna um grande circo,
onde finjo ser palhaça da minha história
para rir do que não tem a menor graça.
Depois empresto, e de bom grado,
toda a compreensão que não me deram.

Vera Pinheiro

8 comentários:

Anônimo disse...

Querido Barone, muito obrigada pela gentileza da postagem por mim. A vida segue em poesia, apesar dos contratempos. Um abraço agradecido.

A.C. disse...

Aii que liindaa *__*

Amei a poesia. Showw!

bjos
até mais

Anônimo disse...

TeXucoO, te garanto que dói muito, mas ensina! Beijos e meu carinho.

L. Rafael Nolli disse...

Olá, Vera. Muito bacana o poema, que conclui de uma forma muito forte.

Anônimo disse...

Nolli, obrigada pelo incentivo. E o formato "enquadradinho" expresssa o desconforto dessas cobranças, que se precisa contornar sem desviar (demais)do que a gente é. Um abraço.

L. Rafael Nolli disse...

Sim, sim, Vera! Concordo contigo! Disse tudo!

Beatriz disse...

Querido poema sobre o querer e adoçura e sabedoria da poetisa que compreende em pleno conflito

flaviooffer disse...

Muito bom o poema!
é como se olhar no espelho, especular quem somos e deparar com o que não queremos ser, mas, somos. Temos que ser nós mesmos, porém, os moldes, as máscaras nos são impostas e acabamos fingindo o sofrimento que verdadeiramente sentimos, fingindo ser o que verdadreiramente somos!!!