domingo, 7 de dezembro de 2008

elamável

(

Ela brincava com os olhos, desenhando sonhos no céu.
a fotografia era sempre um grande desacontecimento,
um esquecimento alquímico,
um arranjo de memórias:
da desmemória dos fragmentos químicos, biológicos e sensoriais de minh’alma.
Ela é a arma que me fere e abre um ângulo diferente na lente da minha percepção.
eu brinco com tudo e Ela vestia-se sempre de forma a romper a estrutura do meu olhar.
Ela rompia com a forma, rompia a própria idéia/força/conceito de forma.
Ela raiava com o sol e desmanchava-prazeres e arranhava as cicatrizes românticas da história. Ela é um lugar/mundo.

) ... (

sô amantino virou o olho devagar e a boca suavemente acompanhou o movimento.
cuspiu uma gosma entretonspretas, ergueu a cabeça e confessoltou a estória:
essa menina-moça (Ela) vêi com a noite sem sono de minha’dona.
eu no largo da noite sonsa ouvi us gritos cumpriiiidos e mandei minha’dona saí atrás pravê q’era... a menina-moça tava nu mato, chorôrando, sigurando u ventre cumoquem sigura ôro pra marreco num robá.
foi assim sô, assinzinho que Ela aninhou com’agente... iiih... isso têm muitas luas de contecimento... Ela era minina-moçazinha... e hoje inté dói a saudade daqueles óinhos... ouça só o sinhô: essaminina serve uma ingrata distância pra gente,
se'Ela parecê qui dinovo vô marrá Ela naquele pé de laranja brava otravez.

)


fernando cisco zappa...
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9 comentários:

Felipe Costa Marques disse...

Para/béns! Minei-rinho
Que imagem-dela!
"Parece que não existe mais sóis"
Feliz...

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Rompem-se os olhos
a cada imagem do corpo coberta
e estes olhos desnudavam-na
lindamente...
Encantos...cantos de olho, olhar.
abs

L. Rafael Nolli disse...

Gostei muito da oposição entre a linguagem culta com a tradição mais oral, popular.

Barone disse...

Excelente estréia!

Beatriz disse...

Excelente. Não conhecia seu talento na prosa. Gostei.

rogerio santos disse...

não sei porque fiquei lembrando da viola do Almir Sater no disco "Instrumental"... O mesmo que tem Doma e Luzeiro (aquela música da entrada do globo rural...). Fiquei lembrando de uma faixa que se chama, "De Minas pra Riba"... teu texto tem essa espacialidade/sonoridade. Abraços ! Rogerio

Anônimo disse...

... incomparável!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Excekente prosa, diferenciada, primorosa. ab

flaviooffer disse...

belo trabalho! Com certeza, um primor de composição, onde a linguagem popular se avulta.
Abraços!
Paz e Poesia!