quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

da proximidade tortuosa de dezembro

esse mormaço sabe a fevereiro
na claridade vê-se um quê de março


tão longe vai abril igual vai maio
de junho o quase-frio hoje é passado

o que dizer de agosto então e julho
a anunciar setembro em tons de azul

outubro é tão recente e já novembro
se esvai em dias claros de janeiro

quando o torpor do meu viver disfarço
cerro janelas nem às ruas saio
e vejo a mim qual ser mal-acabado
de frágil vidro e carne um podre entulho
mistura de canário e urubu

sem calendário afirmo — é dezembro


Márcia Maia

20 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, Márcia, muito bom! eleito como o meu preferido. Beijo.

jorge vicente disse...

sem calendário também afirmo, amiga. é um belo poema.

um grande beijinho
jorge

Iara Maria Carvalho disse...

os dezembros sempre nos chegam assim...meio mormaço...meio murmúrio...
adoro, porque é meu mês...
e o poema, é uma feliz constatação dos tempo e suas andanças!

parabéns pelo blog!

é lindo e com uma proposta muito interessante...

abraços...

Iara Maria

Adriana Riess Karnal disse...

Dezembro é mês de festa, de final.Tem sempre um tom de mudança, ainda que nada se transforme definitivamente.De canário a urubu?Eu escolheria.
Bonito poema.
http://anndixson.blogspot.com

Felipe Vasconcelos disse...

Adorei seu poema; muito obrigado!

rogerio santos disse...

belo poema que tú nos nordeste
embora aqui no cinza-sampa
40 e poucos, só os meus calejados
o cobertor anda fazendo hora extra
ajuda a vencer os menos de 20(º)
e o verão não passa de esperança
num álbum de fotografias
enquanto o coitado do ventilador emperra e o pobre do lençol embolora,
os ácaros continuam fazendo a festa
...pelas barbas de Papai Noel !

rs

flaviooffer disse...

Assim chega dezembro, um pícaro a rir de nós... Luzindo e "sinetando" o fim de um tempo! Porém, trazendo esperança de dias melhores...

Bom trabalho!
Abraços!
Paz e Poesia!

Alice Salles disse...

Dezembro é um fundo, um fundo sem fim e quando a gente cai nem percebeu que acabou! Lindo poema.

Anônimo disse...

Putz.... sou sempre mané em comentário literário. Ruim de análise....

mas me roubou por um ano!

dade amorim disse...

É uma grande alegria ver você aqui também, Márcia querida. Beijos.

Victor Meira disse...

Que poesia gostosa, Márcia.

Felipe Costa Marques disse...

Oh luas que entortastes!
13X Feliz!

Barone disse...

Delicioso o poema! Gostei demais.

Beatriz disse...

na ciranda dos meses o tempo pára neste poema.
gostei muito.

valéria tarelho disse...

dezembro carrega nos ombros o peso de onze luas cheias de si, prontas a parir e reparir a ilusão primeira dos [ risos de ] janeiro.

este é um dezembro ímpar, de poesia e leveza. de delicadezas como esta que Márcia nos presenteia.

~> um alerta:
essa mulher é perigosa: suicida de plantão e pajé de uma certa tribo :)

Márcia, bom demais compartilhar os mesmos espaços que você!

Julia Duarte disse...

Um poema que muda mês a mês. Muito bom!

Audemir Leuzinger disse...

muito lindo mesmo.
me angustiou. e no meu mundo, isso é um grande elogio!

Márcia Maia disse...

Obrigada, gentes. Bom estar aqui, entre e com vocês.

Udi disse...

inspiradíssimo!
...dizer o quê mais?!
beijo de feliz ano novo

Udi disse...

na dúvida, mais uma tentativa:

inspiradíssimo!

beijo de feliz ano novo