quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Chove


Chove, quando aterrisso
Ao som do solo dedilhado

E da voz rouca
A rasgar feitiço,
Sobre a noite em plena tarde
Morna e sem sentido
Da metrópole-deserto sem oásis.

Em terra, embarco no caos de lata
Fora de hora.

Na avenida à beira-rio,
Quase quietos,
Os automóveis marginais
São como figuras de pedra
De um muro furado que grita
Sob a chuva trágica
Por onde escorre a comédia
Dessa chegada pronta pra ir embora
Da cidade que me perde
Na rapidez de uma mágica
E que é tão minha e próxima
Que a largo longe,
Mas levo comigo sempre
Assim mesmo, eu sem resgate.

Compulsão Diária
Beatriz M. Moura

20 comentários:

Fábio Terra disse...

Chove, quando aterrisso
Ao som do solo dedilhado
E da voz rouca
A rasgar feitiço,
Sobre a noite em plena tarde
Morna e sem sentido
Da metrópole-deserto sem oásis.

Lindo

Ígor Andrade disse...

Fiquei imaginando a cena...
Bonita!
Abraço!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Eu preciso dizer adeus...a Deus...que tudo nessa terra é normal, mas tenho que ir embora...pois uma estrela freme num lugar que existe, chamado
Vitória, a Felicidade...
Eu preciso dizer neste outro lugar que amo o que deixei, mas que amo mais a Felicidade...aquela minha, de mais ninguém...
Bia...delirante...como gosto, coração na mão!bj

cisc o z appa disse...

imagens a/dor/doadas...
tão fortes
des/serenadas
a esticar o grito
de uma guitarra roubada...

gostei muito!
...

rogerio santos disse...

O Oásis, quando é verdadeiro, não precisa de placa indicativa.
É muito reconfortante descansar os olhos na tua poesia.


Beijo
Rogerio

Marcos Pontes disse...

Trará a cidade no peito e outra te espera aberta para ser tua.

Felipe Costa Marques disse...

"Póslie strótchec"
Pelas linhas belas!
Que Curam!

Unknown disse...

Vem-se por hora, encolhe-se nas chuvas de chumbo-estanho-estranho...
Margina-se pelo nada que somos na Mega-polis
Contudo, volta-se ao tempo, estica-s'espreguiça as pernas e abraço-sorriso na polis pequena-ardente...só risos...
tudo será como antes...

Muito Bom !...pra lá de...
bj

Assis de Mello disse...

Belo poema pela força das imagens. Surrealismo trágico em ótima forma.
Um beijo, Beatriz !!
Chico

Anônimo disse...

Não sou poeta, por isso não sei fazer comentários poéticos, como os maravilhosos acima, que complementam sua linda poesia. Só sinto que é maravilhoso ler, 'ouvir' o som das palavras escolhidas e tentar visualizar tudo isso. Parabéns Poetisa! Adorei!

Alice Salles disse...

Imagens e texturas... tudo que é do ser...

Guto Leite disse...

Também gostei muito, cara, caríssima, Béa! Sem preço, eu diria! Acabo de perceber, se for verdade, que para bem e para mal, há um tanto de Clarice em tuas linhas, que bebo e gosto.
Beijo e arte!

L. Rafael Nolli disse...

Me interessa muito essa poética urbana, revelando um mundo que nos repele, que nos expulsa, que não nós dá espaço - pelo menos um espaço em que nos sintamos bem. Conseguiu me passar tudo isso!

Benny Franklin disse...

Algo de Walt; muito de M. de Andrade, mas tudo de Beatriz.

De Prima!

Beatriz disse...

olá,
já imaginava que seria muio bom participar desse blog com tanta gente talentosa, mas não me passava pela cabeça que os comentários seriam tão bons e generosos...Muito obrigada a todos e um abraço especial pro Barone e pro Guto Leite.

Barone disse...

Sensação de urbanidade, como quem olha pelo vidro do carro e vê além das coisas.

Petê Rissatti disse...

Um turbilhão de imagens de quem tem um pé aqui e outro lá. Que vê um mundo de velocidade e almeja ares de calma e paz. Lindo, muito mesmo.

Beijos

flaviooffer disse...

Tudo em sua poesia grita. Um evadir-se do caos que nos sufoca.
Abraços!
Paz e Poesia!

valéria tarelho disse...

Beatriz, bela pintura do caos urbano. A primeira coisa que me veio à mente foi
"Em São Paulo, quando chove,
chovem apocalipses
de quintal" (Frederico Barbosa)
Senti esse mesmo quadro de fim do mundo, muito bem retratado por você.

Felicity!

valéria tarelho disse...

Só um detalhe: o link do vídeo poderia abrir em outra janela... além de não interromper a leitura, seria um agradável acompanhamento.

Beijo, bella (e desculpe o palpite, é que senti essa "fragmentação" e fiquei dividida: queria assistir o vídeo e retornar ao poema ao mesmo tempo)